Por Marcio Gomes
A relação fisco x contribuinte vem passando por um período de
transformações sem precedentes. Como em toda grande mudança,
provavelmente só com algum distanciamento histórico, daqui a alguns
anos, portanto, saberemos exatamente a dimensão de tudo o que está
ocorrendo nestes últimos anos através do projeto SPED (Sistema Público
de Escrituração Digital) do Governo Federal, e de como ele altera
definitivamente a postura profissional nos departamentos
contábeis-tributários de todas as empresas.
Dentro desse
cenário, podemos destacar o “Projeto Brasil ID”: uma revolução completa
na forma de controlar as mercadorias em trânsito no país. Além do seu
enorme potencial de combater a sonegação fiscal, é ainda um poderoso
mecanismo de controle logístico. Mas, do que se trata exatamente essa
inovação?
O Projeto Brasil ID teve início, em fase pré-piloto,
com apenas três empresas: Souza Cruz (Uberlândia), Teuto Laboratório e
Paranello Distribuidora (Goiânia). O objetivo é a implantação de antenas
e sensores nos principais corredores logísticos do Brasil, efetuando a
leitura da etiqueta com o ID (identidade em códigos de barras) daquela
carga. Sendo assim, as cargas em trânsito têm um controle rígido em
tempo real, sendo possível correlacionar tal informação com a base de
notas fiscais eletrônicas autorizadas em todo o território nacional e
com a Escrituração Fiscal Digital dos contribuintes envolvidos nas
transações.
Prova de que o projeto pré-piloto deu certo é que, na
reunião do ENCAT (Encontro Nacional de Coordenadores e
Administradores Tributários Estaduais), realizada entre os dias 13 e 16
de agosto deste ano em São Luiz do Maranhão, foi autorizado o início da
fase piloto do projeto, incluindo empresas do ramo de bebida, gás e
óleo. Ainda não é possível precisar a duração dessa etapa, mas vale
ressaltar que o “Brasil ID” já está muito próximo de se tornar uma
realidade, em especial para os grandes contribuintes.
Não é
novidade que as novas implantações da Receita Federal do Brasil
convergem entre si. Tanto que este ano teve início uma das etapas do
Manifesto do Destinatário e as próximas etapas abrangem o material desde
a compra da matéria-prima até a estocagem de seu produto acabado no
cliente. É, portanto, um processo totalmente relacionado a um rígido
controle logístico. Sendo assim, é possível imaginar que, ao emitir uma
NF-e, a nota terá a autorização da Secretaria da Fazenda de seu estado,
terá o manifesto positivo de seu cliente e, a partir desse momento,
será monitorada pelas antenas do “Brasil ID” durante todo o trajeto.
Essa mesma nota fiscal será recebida, escriturada e fará parte da
Escrituração Fiscal Digital de seu cliente.
Neste sentido, é
fácil concluir que o controle da RFB sobre suas operações será total,
mesmo no momento em que a operação está em trânsito, tornando
remotamente possível fraudes fiscais como o transporte de várias cargas
fazendo uso de um mesmo documento fiscal. É imperativo, portanto, que
contabilistas e tributaristas definitivamente preparem sua empresas para
os novos tempos, estando sempre atentos à correção das operações
fiscais e contábeis. Qualquer incorreção, ainda que sem dolo,
certamente será objeto de auto de infração punitivo. Mais do que nunca
sua empresa necessita de seus conhecimentos e de sua influência,
demonstrando às outras áreas da empresa que certos “atalhos” jamais
devem ser utilizados como caminho.
Marcio Gomes é consultor da Unione Consulting, especialista em obrigações acessórias e atendimento às auditorias.
Fonte: Blog José Adriano
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